JUCKLIN CELESTINO FILHO

CONCRETISMO

CONCRETISMO  

 

O canto  não

A quebra 

A pedra,

A pedra 

Não quebra

O canto!

Por que

O espanto?

Montanhas já

Não  há,

A transpô-las.
Se foram

Velozmente 

Nas asas

Do tempo.
Florestas,

Capoeiras,

Canaviais,

Mudaram-se

No curso do rio,

Embrenhando-se

Pela Serra

Dos Jequitibás,

Que geme 

Assustada 

Pelo ronco

Da motosserra.

 

 Jequitibás

Já não há,

E nem a serra.

Em seu lugar

Desponta,

Portentosa

Arquitetura

Moderna

No templo

Do progresso!

 


Como mudar

A ordem

Do tempo,

Mover do

Seu eixo,

Os elementos?

Como escalar

O vento?

Pegar passagem

No tempo?

Nem tanto

O vento,

Os elementos,

Nem o tempo,

Dão passagem

No vértice.

Já  está posta

A engrenagem

Que a tudo fenece ,

Ou transforma.

 


O silêncio

De pedras,

Vergalhões,

Cimento,

Concreto,

Fala tanto 

Dessas ruas,

Dessas avenidas ,

Dessas praças!...

Tanta história

Contida

Nos muros

De pedras ,

No silêncio

De bronze

Das estátuas ,

Dos monumentos

Espalhados

Pelas praças!

Em cada pedra,

Em cada

paralepipido

Fincado,

A saudade

Do que fora

Antes

Um povoado...!

 

A rua

Não é mais 

A mesma,

A mesma

Não é mais

A casa,

O povoado 

Agora é cidade,

Tomada por

Vultosas obras,

O progresso

Imperando ,

Os arranha-céus

Tomaram impulso:

A cidade virou

Selva de pedra!

  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de Novembro de 2020 08:57
  • Categoria: Surrealista
  • Visualizações: 11

Comentários1

  • Maria dorta

    Excelente poema- denuncia. É você o faz com arte e muita competência.



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