Regressando á minha cidade,
dentre tantas novidades,
em detalhes posso contar
o que a vida faz com a gente;
no pouco tempo ausente
como pôde tudo mudar ?
Nem parece o mesmo povo
e quando olho me comovo
pois me aperta o coração
a indústria do progresso
condenou ao retrocesso
a antiga educação.
Nem parece a mesma vila
onde pelas ruas tranquilas
dava gosto de caminhar
O barulho ensurdecedor
e a fumaça do motor
dos carros a buzinar.
Nem parece a mesma esquina
onde conheci aquela menina
e começamos a namorar
mas parti num de repente,
hoje passo ali novamente
na ilusão de a encontrar.
Nem parece a mesma praça,
sem crianças, flores...sem graça
sem casais à passear
nos bancos, desenhados,
corações dos namorados
que o tempo soube apagar
Nem parece o amanhecer
onde quem quisesse ver
havia o lindo sol pra admirar
hoje os ares poluídos
da visão rouba os sentidos
quase nada a observar
Nem parece o anoitecer
que a gente via se recolher
as aves nos altos de seus ninhos;
a cidade adormecida
dava uma pausa para a vida
pra se reencontrar cedinho
Nem parece a mesma lua
que sentindo a saudade sua
já não têm por que brilhar
essa é a minha maior tristeza
ambas são as maiores belezas
por quem, toda vida, hei de suspirar
- Autor: Elfrans Silva (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 18 de outubro de 2020 03:24
- Categoria: Amor
- Visualizações: 34
Comentários2
Lindos versos com muita inspiração.
Grata por compartilhar e parabéns, poeta!
Poeta Zaira, grato por seu comentário.
O tempo corre e em pouco tempo tudo muda. Chega o novo, mas o velho parece dizer: "em algum lugar de alguma maneira, eu ainda estou". Abraços
Teu eu lírico burila com correção deste poema quase canção. Parabéns!
Obrigada poeta Maria Dorta. Poema e canção se identificam principalmente em que conseguem tirar a nossa alma alegrias e um punhado de dolorosas saudades. Abraços e boa semana
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