Victor Severo

Bon appétit.

No banquete antropofágico.

Com a carne dos liberais.

Dos ricos, soberbos boçais.

Vai ter carne para todo mundo.

Que necessite celebrar.

Carne de rico na mesa.

Banquete para a pobreza.

Sangue para se embriagar.

Um petisco para os pobres.

Carne fina, corte nobre.

De bucho cheio arrotar.

 

No bucho da nossa classe.

Temperadas com pistache.

A carne da realeza.

Os banqueiros, os senhores.

Os infames especuladores.

As tripas de vossa alteza.

 

Costelas das ricas madames.

Até seus cachorrinhos infames.

Poderão em baixo da mesa.

Comer as sobras do banquete.

Correr em volta com deleite.

No banquete da pobreza.

 

Vamos nos banquetear.

No almoço e no jantar

Vamos confraternizar.

Estão todos convidados.

Que venham de todos os lados.

Venham todos comungar.

 

Exceto os pobres vassalos

Que serviram de bom grado

Com dolo de servil gado.

Aos senhores de outrora.

Sua sorte está traçada.

E na próxima fornada.

Chegará a sua hora.

  • Autor: Victor Severo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de Outubro de 2020 08:00
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 37

Comentários1

  • JUCKLIN CELESTINO FILHO

    Forte, pungente , um retrato triste, lamentavel , do que estamos vivendo, traçando fielmente um quadro perverso , cruel, sempre atual, deste Brasil tão desigual.
    Parabéns, Víctor. Ótimo poema!



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