JUCKLIN CELESTINO FILHO

DIGNIDADE NAO SE COMPRA

A dignidade é um bem

Intangível precioso. 

Não se compra 

Com nenhuma moeda de ouro.

É o mais rico tesouro 

Da pessoa que  não se corrompa.

Quem tem honra, não  se vende,

Nao se dobra à vantagem 

Ilícita, que a dignidade lhe ofende,

Por não  ser fruto

Podre, de árvore contaminada,

Diferente daquele,

Que tem hábito de corrupto,

E mudar,

É como se " um camelo passasse 

Pelo fundo de uma agulha".

 

Já vi boi voar,

Cantando lindas toadas,

E a vaquejada 

O acompanhar,

Cordata e mansa,

Enquanto devagar avança,

Seguindo a boiada 

Rumo ao rio

Da bacia das almas,

Juntando-se ao restante 

Da manada.

Só não vi, quem tem

Mau costume de malandragem,

Escapar da bandidagem!

 

De tudo vi, nos escaninhos 

Do incompreensível,

No que é possível 

Acreditar porque eu estava vendo. 

Não nego nada...!

Já arranquei laranja

Em pé de jaca. 

A galinha da vizinha,

Vi, coitadinha,

Cair na faca,

Virar canja,

Junto com os pintinhos 

Na fraquejada. 

 

De tudo já vi, no obituário 

De indecência:

Assisti, a segredos inconfessáveis,

Até então intocáveis,

Mesmo guardados 

A sete chaves, desmoronar,

Descortinando a lama 

Sobre os quais encobria!

Nada me é  surpresa!...

Assisti, pela mão do invisível,

Do imponderável,

Àqueles vazamentos  inesperados ,

Sendo revelados,

Pondo as cartas na mesa,

Mostrando o aviltante 

Jogo de cartas marcadas,

Uma tremenda marmelada,

Onde o juiz fazia

Suas apostas indecentes!...

Tinha todas as fichas  na mão:

Bancava, comandava  o jogo,

Sendo comandante em chefe,

Da execrável 

Maquinação diabólica arquitetada,

E, numa só tacada,

Algo que excedia

Os preceitos da falta de pudor

E corrupção 

Por abuso de poder -

Era árbitro, técnico e jogador 

Do time adversário,

Na mais infame 

Partida disputada!

 

Seguindo o roteiro pasmante,

Vislumbra-se a podridão 

Que seu odor isala,

E a palavra implacável 

E inflamante

Não  se cala,

Desvela a verdade 

Encoberta pelos escombros 

Da descaração reinante,

Caída sobre os ombros,

De figuras carimbadas,

Na ancoragem 

De proteção 

A pessoas cujos nomes 

Se predispuseram ocultar,

Numa clara obstinação 

De  blindagem 

Aos que sempre foram

Da sua predileção 

Político-partidária. 

 

Nesta história cabulosa,

De cinismo e ação indecorosa,

Onde  de tudo já se viu, 

E na escumalha do absurdo,

As máscaras cairam,

Os castelos dos falsos moralistas ,

De repente, ruiram.

Logo eles que se diziam

Probos e combatentes ferrenhos 

Na luta contra a corrupção. 

Depois de aberto o boqueirão ,

Escancarar-se o alçapão,

E os nomes aparecerem nas listas 

Da corrupção,

Enrolando-os nas malhas da Justiça,

Com provas abundantes 

Que eram larápios contumazes,

Não o " vem ao caso, "punição!

Jabulão encabulado,

Balançando a cabeça me disse:

- " Poeta, não  arrelia!

Não  vê que tudo é cretinice?

Ninguém me soprou

Nos ouvidos.

Convicção tenho!...

A depender do acusado,

É  cega, surda,

Preguiçosa e muda

A Justiça:

A balança dela enguiça!

 

 

 

  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de Outubro de 2020 11:19
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 29

Comentários1

  • Maria dorta

    Maravilhoso !denuncia- desabafo feita com engenho e arte. Poeta,clama pelo decoro. Com você faço coro!



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