Rafael Marinho

O curioso caso de quem faz festas barulhentas segunda a noite


Aviso de ausência de Rafael Marinho
NO

Entrevista exclusiva:

"O curioso caso de quem faz festas barulhentas numa segunda a noite em plena pandemia"

E: Pode se sentar. A primeira pergunta é bem simples: como você se sente ao saber que está contribuindo para o extermínio em massa da população brasileira?
H: Ah, super de boa. Adoro meu hobby novo.
E: Que hobby, hein. Fico desconfiado da inexistência do seu cérebro com essa resposta, mas vamos continuar. E quanto a música alta, o que acha de atrapalhar o sono de milhões de trabalhadores em plena segunda?
H: Peraí, como assim? Ainda tem gente que trabalha nesse mundo?
E: É, por incrível que pareça, tem. Que coisa louca, né? Bom, mas aqui também diz que vocês receberam uma visita inesperada na sua boate. Conte sobre quando a polícia foi lá.
H: Ah, os canas foram super gente fina. Primeiro, eles chegaram com mó moral: "Recebemos uma denúncia de aglomeração neste endereço. Infelizmente, vamos ter que fechar o estabelecimento". E nós: "Uma pena, acabou de abrir uma promoção "policiais grátis"". E os policias com a propina na mão: "Foi um prazer tratar de negócios com você". Foi assim. Todo mundo saiu ganhando.
E: Óbvio, exceto 100% dos envolvidos.
H: Que bom que senhor está me entendendo direitinho.
E: De nada, sou uma pessoa muito compreensiva, sabe. Só não entendo o lance de obrigar os vizinhos a ouvir aquele lixo em formato mp3.
H: Ah, sobre nossas músicas?
E: Não sei se podemos chamar aquilo de música. A cada 10 palavras, 84 são palavrões. Mas esse não é o ponto. Estou vendo aqui no Google que o isolamento acústico foi inventado em 1876, você sabia? Estamos em pleno 2020, mas ainda não usam essa tecnologia maravilhosa?
H: Isolamento o quê?
E: É, acho que falar sobre isolamento não vai dar certo com você.
H: Não curto muito.
E: Eu também não curto sua existência, mas tô respeitando, fazer o quê, não é?
H: Não tô entendendo o que o senhor quer dizer. É que respeito... nunca nem ouvi falar dessa palavra.
E: Por que não estou surpreso com essa declaração, hein? Mas fique tranquilo, entendemos perfeitamente sua falta de empatia. Muito obrigado por nos dar o desprazer da sua presença no palco. Terminamos mais uma entrevista com um adorador do seu próprio umbigo. Pode ir indo, meu caro. Só não esquece de limpar a boca com esse papel ao sair do estúdio.
H: Ah, obrigado, é sempre bom um guardanapo pra tirar alguma sujeirinha de comida que fica, né?
E: Não é um guardanapo, meu anjinho, é um papel higiênico.

  • Autor: Rafael Marinho (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de Outubro de 2020 11:49
  • Categoria: Humor
  • Visualizações: 7

Comentários1

  • Dr. Francisco Mello

    Mandastes muitíssimo bem.
    Congratulações. Precisa ter estômago pata entrevistar quem não tem cabeça, tchê.



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