DO LIRISMO

Carlos Daniel Dojja


Quando eu era criança,
as plantas me chamavam.
Achavam graça.
Coisa de menino, sem ter muito o que fazer.


Quando eu era jovem,
afirmei que as pedras não acordavam,
porque não sabiam da noite sonhada.
Ficaram preocupados.
Para alguns, indício de alguém transtornado.

Quando me afirmaram, és um homem,
eu contei que te vi, se florescendo de liláceas.
Por fim, sanaram-se as dúvidas.
Decretaram-me ter visão refratária, com sintomas de lirismo.

Só parei de julgar-me dissociado,
quando me disseste que havia noites com sol,
e que o remo acenava para o mar, quando não partia.
Então, assim ficamos, em nós apreendendo tochas,
fisgando lumiares, falando com os olhares.
E quando tudo escurecia se acendendo de um no outro.

Carlos Daniel Dojja

  • Autor: Carlos Daniel Dojja (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de setembro de 2020 10:38
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 12
Comentários +

Comentários2

  • Shmuel

    Lindo poema.
    Me rendo a sua escrita a cada leitura.
    Esta complicado escolher favoritos. O nível está altissimo.
    Abraços

    • Carlos Daniel Dojja

      Muito obrigado, Shimul, pela generosidade de suas palavras.

    • Shmuel

      Lindo poema.
      Me rendo a sua escrita a cada leitura.
      Esta complicado escolher favoritos. O nível está altissimo.
      Abraços



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