Isabela Fenix

Cálidos beijos

 

Parte dela desejou ter permanecido ignorante a tudo.

O fato de que todo aquele sentimento ser imoral e errado. 

Errado é ama-lo. 

 

Olhar para ele agora fazia parte de seu desejo de se permitir afogar, mas ela sabia que não era certo.

Ela tinha que ficar acima das ondas, não importa o quão forte elas caíssem sobre ela.

Por mais que seus beijos fossem mergulhos no inferno, oh!, doces mergulhos. 

Mas, ela não se permitiria. 

 

Não era justo que ele estivesse perto o suficiente para que ela pudesse estender a mão e tocá-lo, mas ela não poderia tê- lo como estava acostumada - não daquele jeito - não mais.

Seus olhos e seu espírito foram corrompidos. 

Ela não podia fazer isso; não foi tão fácil.

Não era preto e branco como ele parecia pensar que era; era cinza - tudo era cinza agora.

Queria voltar ao tempo que éramos crianças, onde não sabíamos a diferença entre o certo e o errado. 

Não é certo. 

Mas

Ela queria tocá-lo e sentia que não podia e não era justo! 

 

A vida não foi feita para ser justa; foi isso? A vida era egoísta e cruel .

 

Ela não aguentava mais.

 

Agindo por impulso, ela estendeu a mão para agarrar a mão dele e puxou-o em sua direção. Ele nem mesmo pareceu surpreso quando ela o puxou, ele nem mesmo resistiu a ela. Ele ficou ali diante dela como uma oferenda e ela observou a maneira como seu pomo de adão balançava quando ele olhava para ela.

 

E então, ela o abraçou. Ela colocou os braços em volta da cintura dele e escondeu o rosto em sua camisa, e apenas o abraçou.

O mundo, parou e somente. 

O som das batidas constantes, - as batidas-, o batendo de seu coração contra seu ouvido, e a maneira como ele a rodeou com os braços era familiar. 

Ele cheirava como ele familiar, e se sentia como ele e soava como ele e ela adorava e só queria esquecer tudo o que ele já tinha feito.

Ela não deveria

Mas queria

Ela não protestou

Não.

Não.

Ela só deixou

Ele depositar seus cálidos beijos sobre seu ombro.

Ah!, seguindo o curso para o vale entre seus seios.

Seus cinquenta tons não me assustam mais. 

Sou cinquenta tons também.

Ah!

Ela não deveria mais se permitiu

Por breves instantes

Tão bons

Tão certos

Beije-me

Me faça esquecer.

O quão errado é amar você

Meu próprio irmão. 

  • Autor: Fenix (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de Setembro de 2020 01:35
  • Categoria: Conto
  • Visualizações: 23

Comentários1

  • Shmuel

    Que belo conto, com um desfecho delicado. A narrativa é de uma riqueza, é visível.
    Está otimo mesmo.
    Parabéns, Isabel Fenix.

    • Isabela Fenix

      Agradeço pelos seus elogios. Grata! 🙂



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