Amante da Lua

Raye Sinclair

Eu me apaixonei pela lua.
Me perguntam por que não consigo seguir em frente.
Eu também não sei.
Talvez porque seu brilho me guiou quando tudo estava escuro,
porque sua aura me aqueceu
quando eu tremia por dentro,
porque sua beleza me hipnotizou
sem pedir permissão.


Eu me apaixonei pela lua.
Mas o que antes parecia tão perto
se tornou distante demais.
Eu tento esquecê-la, de verdade, eu tento,
mas basta olhar para o céu
para lembrar que não posso tocá-la.
Dói tanto —
e ela nem parece se importar.
Ela não se importa, apenas brilha para outros.
Por que eu não posso ser única,
uma única vez?
Por que ela me fez amá-la tanto
se no final iria embora?


Eu me apaixonei pela lua
e, nesse processo,
parei de gostar de mim.
Amei demais e esqueci que existo.
Ela continua entre as estrelas, brilhando,
intocável.
Por que eu me apaixonei pela lua?
Não era óbvio que ela nunca seria minha?
É a lua, afinal.
Ela nunca me pertenceu
e nunca vai pertencer.

  • Autor: Raye S. (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 30 de dezembro de 2025 21:20
  • Comentário do autor sobre o poema: Esse poema sou eu admitindo que amei alguém que nunca pôde ser minha.\r\nA lua não é só uma metáfora: é alguém que iluminou meus dias mais escuros, que me fez sentir vista, segura, aquecida, mesmo sem nunca me tocar de verdade.\r\nEu não me apaixonei pela distância — eu me apaixonei pela luz. Pelo que ela despertou em mim. Pelo jeito que me guiou quando eu estava perdida.\r\nMas amar a lua também é aceitar a dor de desejar algo inalcançável. É olhar para cima todas as noites e lembrar que, por mais linda que seja, ela não desce até mim. Ela continua brilhando, indiferente, enquanto eu fico aqui embaixo, sentindo tudo sozinha.\r\nEsse poema é sobre tentar esquecer e falhar. Sobre fingir que segui em frente, enquanto qualquer lembrança me puxa de volta. É sobre perceber que eu me importei mais do que deveria — e que, no meio disso, deixei de me escolher.\r\nEu me perdi tentando ser suficiente para alguém que nunca precisou escolher.\r\nEu quis ser única para quem sempre foi de todos.\r\nNo fundo, esse poema é o luto de um amor que nunca começou de verdade, mas doeu como se tivesse acabado. É a consciência tardia de que algumas luzes não existem para serem tocadas — só observadas.\r\nE talvez o mais triste não seja que a lua nunca foi minha,\r\nmas que, por um tempo,\r\neu deixei de ser minha também.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 2


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