O MOBRÁ ( MOBRAL)
Foi nos anos de setenta
Quando a ditadura mandava
Que inventaro o MOBRÁ
Pros veios aprender a ler
E assim pudesse vortar
pois sua assinatura
já aprendera escrever.
E foi assim no MOBRÁ
Que veio, veia, moça e rapaz
Foi aprender o nome assinar
Uns inscrivia pra frente
E outros inscrivia pra trás
Mas bom era inscrever o nome
pra num esquecer nunca mais.
O tempo era de escuridão
Nos sítios era tudo escuro
Mas o tar de Presidente
Mandava uns lampião
Pra as escolas alumiar
E botava aqueles veios inocente
Pra de noite estudar!
Tinha uns veios que nem enxergava
Luz nos oios nem tinha mais
Porém o tar do governo mandava
Óculos sem distinção
E ali o veio escoia
Pra miorar a visão
o grau que nos seus oios cabia.
Durou muitos ano o MOBRÁ
Inté merenda servia
Uma tar de saburá
No prato era o que se via
Era um mé grosso de rapadura
Pra miorar a textura
Daquelas barriga vazia
Nada mior pra engordar
Era o que todos dizia!
A ideia do MOBRÁ
Não era insiná a ninguém
Nem levá saber pra o povo
Apenas o governo queria
Fazer o que lhe mantém
Não fazia nada de Novo
Apenas assegurar
aquilo que lhe convém!
Fazer a assinatura
já era suficiente
E bastante já era a leitura
Nem aprendiz nem aprendente
Pois aprender nada valia
Porque aprender podia
ser uma ameaça pra aquela gente.
E naquelas noites escuras
Nas taperas e nos terreiros
As lições escondia as ditaduras
Nas tochas dos candeeiros!
O MOBRÁ gastou muito papé
Pra fazer livro de escrita e de leitura
Pros veios lê sem saber o que é
Entonce cada palavra escondia
as lição da ditadura.
De lápis era uma fartura
De giz nem se pode falar
Pruque os generá
so queria de todos a assinatura
Pra entonce puder vortar!
Mas de muita coisa
o MOBRÁ não seiviu
Só enganou muita gente
E o erro se repetiu
Não botou ninguém consciente
Nem fez o povo crescer
Visto que só com a assinatura
Continuou sem saber
Que as lições do MOBRAL eram lições invisíveis da visível Ditadura!
E por assim ser, hoje é real
Ainda somos analfabetos
no estilo funcional
E desde o conhecimento
até o preconceito tudo é estrutural
E a falta de consciência agradeça-se ao MOBRAL!
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Autor:
Carlos (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 30 de dezembro de 2025 13:02
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 1

Offline)
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