Como eu poderia?

Como poderia eu, 
com minha alma viciada, querer procurar a luz 
em outros olhos que não sejam os teus? 

Como poderia eu querer amar outra risada que não a sua? 
Como poderia amar outras piadas, outras brincadeiras, 
ou outros sorrisos que não estivessem entrelaçados a nós? 

Como poderia eu querer sentir a maciez de outros lábios, 
se já estou obcecada pelos seus, 
mesmo antes de senti-los pela primeira vez? 

Como poderia eu almejar outro homem? 
Outro alguém? 
Outra metade que me complete mais do que você? 

Como poderia eu procurar o seu olhar em outras pessoas 
e não encontrar nenhuma que tenha 
seus olhos cor de mel? 

Como poderia eu amar outro cheiro, 
outra fragrância, outro perfume que não seja o seu? 
Que me deixa inebriada e contente 
por saber que esse cheiro pertence somente a você. 

Como poderia eu querer ser mimada, cuidada, 
acariciada e protegida 
por outro que não seja você? 

Como poderia eu querer sentir a conexão do amor 
com alguém que não seja você? 
E esperar por longos e dolorosos cinco anos 
por outro homem que não tenha os mesmos olhos que os teus? 

Como poderia eu amar outros cabelos pretos 
que não sejam os seus? 
Os mesmos cabelos que me fazem querer acariciá-los 
todos os dias. 

Como poderia eu não amar o seu jeito de ser? 
Seu amor pelo jazz e por crianças, 
sua alma bondosa que busca sempre o melhor do mundo, 
seu jeito único de existir, 
de tratar, de amar e de cuidar? 

Como poderia eu não querer você para sempre, 
mesmo sabendo que o “para sempre” talvez não exista? 
Ainda assim, quero acreditar 
que pode existir um para sempre para nós. 

E, por fim, como poderia eu não te amar, 
se você foi o único homem que me viu chorar 
e não me mandou parar? 
Você me disse que chorar é humano 
e prometeu enxugar cada lágrima minha — 
e foi exatamente isso que fez. 

Como poderia eu não te amar, 
se foi você quem me mostrou 
o que é amar e ser amada como nunca fui? 
Se foi com você que aprendi 
que o amor não precisa ser doloroso, 
mas leve e gentil. 
Que o amor não vive apenas 
nas grandes declarações, 
mas nos pequenos detalhes do dia a dia. 

Como poderia eu não amar você? 

Poema escrito por: Giovanna Lino