Silêncio

Rute Iria


Aviso de ausência de Rute Iria
YES

Silêncio

 

"uma calma soberana presidia à ordem dos cataclismos"

CALVINO, Ítalo "Se Numa Noite de Inverno Um Viajante", 1979, tradução de José Colaço Barreiros, editorial Teorema, Lda

 

 

Se a flux nociceptor, sem broquel, às

Vagas de Mefistófeles coleante

(Catábase da estese sem levante)

Dore o "Olvido" (1) em esquife, alfange roaz.

 

E, nefando, o "Crepúsculo" (2) auge e traz

O hiulco Belial, de plúmbea sega, diante

Da orexia à solitude - o veio ordinante,

O demiurgo platónico à pua edaz.

 

Já máxime Neptuno (3), mesmo hesterno,

A adumbrava de lhama iriante e lite (4).

O diedro mistagógico (5) alui o averno,

 

Num aclive precípuo que se adite

Com Anfíon (6), até ao zénite eviterno:

A noite apocatástica (7) orla Luíte.

 

 

 

(1) PESSANHA, Camilo - Olvido. In "Clepsidra", 1920

 

(2) BAUDELAIRE, Charles - O Crepúsculo da Manhã. In "As Flores do Mal", 1857. Disponível em: <http://www.agr-tc.pt/bibliotecadigital/aetc/download/466/As%20Flores%20d... Acesso em: 28 abr. 2021.

 

BAUDELAIRE, Charles - Le crépuscule du matin. In "Les fleurs du mal", 1857. Disponível em: <http://elg0001.free.fr/pub/pdf/baudelaire_les_fleurs_du_mal.pdf.> Acesso em: 28 abr. 2021.

 

(3) WHEATLEY, Phillis - Ode to Neptune. In "Poems on Various Subjects, Religious and Moral", 1773

 

(4) HERBERT, George - Nature. In "The temple Sacred poems (...)", 1633

 

(5) BRADSTREET, Anne - By Night when Others Soundly Slept. In "The Complete Works of Anne Bradstreet", 1981

 

(6) NETO, João Cabral de Melo - Fábula de Anfíon. In "Psicologia da Composição", 1947.

 

(7) DU BARTAS, Guillaume de Salluste "La Nuit", 1544 - 1590

 

 

3/12/2021

 

  • Autor: Rute Iria (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de dezembro de 2025 11:10
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.