Trago o cigarro; às vezes, é você que vem junto ao coração.

Trago o cigarro aos lábios,

como quem tenta preencher um vazio.

Te trago ao peito,

mesmo jurando te expulsar da mente.

Te tiro dos pensamentos,

mas o coração não obedece.

Ele implora pelo teu abraço,

pela ideia do teu amor.

Me perco dentro da minha própria cabeça.

Te procuro em outros corpos,

em outras vozes,

e nunca te encontro.

Então te busco em mim,

nas conversas rasas,

nas músicas que doem,

naquele livro marcado,

nas palavras que engoli,

com medo de te perder.

Sou tudo o que não fui

e tudo o que fiz por nós.

Te perdi,

mas antes disso

me perdi de mim.

Me moldei ao que você queria amar,

me diminuí pra caber,

esqueci quem eu era,

porque te priorizar parecia amor.

Olhei pra mim

e vi tudo o que faltou em você,

justo quando acreditei

ter encontrado o amor que sempre busquei.

E só então entendi —

o amor nunca esteve em você.

Ele sempre esteve em mim.