Hoje acordei esperançoso,
com medo de que o depois
derrubasse minha manhã.
Todos os dias eu penso,
tento me convencer
de que alguém,
do outro lado da cidade,
pense em mim
como eu penso nela
quase todos os dias.
E quem apaga essa angústia
de precisar ser melhor que o passado
para que o futuro
não seja desperdiçado?
Mas pensar já cansa.
Até os pássaros que assobiam
ao redor do meu espaço
pesam.
E ninguém vem
trocar esses sons
por rosas de verão,
nem me dizer
que no fim
eu sou só uma abelha
buscando néctar
pra continuar vivo
num mundo
que finge que eu não existo.
Penso em desistir todos os dias.
Mas pra quê?
Se o mundo consegue ser belo
às vezes,
e o amor dos meus pais
é maior
que qualquer dor.
Ainda assim,
como seria bom
se os pássaros
do céu da minha mente
brilhassem
a cada passo
nessa terra molhada.
Que fossem refúgio.
Porque talvez, no fim,
eu precise aceitar:
quem realmente se importa comigo
é a minha própria mente.
Não aguento mais segurar o choro.
As lágrimas caem
como cinzas molhadas,
apagando um pouco
da morte que acontece por dentro.
Mas o ciclo reinicia.
Sempre.
E talvez a única saída
seja desligar o barulho
e aprender a encarar
o vazio sem fugir.
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Autor:
FJ (
Offline) - Publicado: 26 de dezembro de 2025 13:31
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
- Usuários favoritos deste poema: Arthur Santos

Offline)
Comentários1
Admiro a sua capacidade de descrever emoções.
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