O nada é um corredor sem fim,
onde a luz desiste antes de chegar.
É existir por obrigação,
respirar como quem cumpre pena,
sentir o corpo inteiro
sem reconhecer a alma.
O vazio existencial não grita.
Ele sussurra.
Vai corroendo aos poucos,
apagando nomes, vontades,
até que a gente já não sabe
o que perdeu
só sabe que perdeu.
O amor, quando vira vazio,
não dói como faca.
Dói como ferrugem.
Corrói o peito em silêncio,
transforma promessas em poeira,
e deixa um gosto metálico
toda vez que se tenta lembrar.
Os sonhos morrem sujos.
Morrem cansados,
abandonados em gavetas
que ninguém mais abre.
Viraram peso,
viraram vergonha,
viraram esse nada enorme
que ocupa tudo por dentro.
E o pensamento…
o pensamento é o pior de todos.
Ele faz do nada um tribunal,
do silêncio uma sentença.
Revira o passado até sangrar,
inventa futuros onde tudo falha,
e chama isso de consciência.
O tudo também machuca.
É excesso de dor,
de lembrança,
de culpa.
É sentir demais
e não ter para onde ir.
É estar cheio de mundo
e vazio de sentido.
No fim, sobra só isso:
um corpo cansado,
uma mente em ruínas,
e um coração que aprendeu
a bater baixo,
com medo de chamar atenção
do próprio vazio.
Talvez o nada não seja ausência.
Talvez seja presença demais
daquilo que falta.
Talvez o tudo represente falta
a vontade que não passa
um disfarce para um vazio ....
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Autor:
SADE (
Offline) - Publicado: 26 de dezembro de 2025 11:26
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
- Usuários favoritos deste poema: estrelaxz_

Offline)
Comentários1
Que lindo poema.
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