Talvez

Antonio Ramos

A claridade de um novo dia, Espreitando pela cortina da janela levemente aberta.
Está pronta para invadir minha manhã, semi iniciada.
Enquanto me revolvo na cama que aos poucos vai se tornando incomoda.
(Ao ponto de me doer as costas).
Penso no longo caminho de volta e em qualquer coisa que tenho por fazer.
Talvez sair e caminhar me satisfaça, talvez olhar as gentes, em suas lidas, me enterneça ou aborreça, não sei.
Talvez sentar na praça e ler, me anime.
Penso, enquanto começo a sentir, algo como se fosse fome.
Talvez se visse teus olhos e teu sorriso alegre e debochado, isso por si, me alegrasse.
Talvez, só isso, enfim, não me bastasse.
E eu precisasse, ousado, abraçar-te sofregamente.
E desesperadamente beijar-te, num frenesi de tempo inconcebível, a recuperar.
 Mas pensando bem, talvez eu nem devesse te ver.
Talvez eu nem devesse  encontrar-te.
Talvez eu devesse esquecer-te.

  • Autor: Antonio Ramos (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de dezembro de 2025 08:12
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 4


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