Cálice

Marçal de Oliveira Huoya

Não sou Jesus
Mas estive no deserto
E vi a luz
Uma epifania
O Outro por perto
Estava tão certo
Da minha idolatria
E que as minhas fragilidades
Eram a porta para o mal
E na sua maldade
Pensava eu ser igual
Primeiro
Me chamou pro seu lado
Amistosamente sorriu
Disfarçando o seu ardil
Em expor o meu pecado
Depois me impôs
Em veladas ameaças
A posição de joelhos
Seus olhos bem vermelhos
Me ofereceu uma taça
Taça de ouro
Diamantes cravejados
Em detalhes prateados
Num estojo de puro couro
E disse beba
E será como nós
Vai viver eternamente
Ontem, hoje e após
Aceite e se contente
Ordenou aumentando a sua voz
Beba, beba
Ou vai se queimar
Na labareda
Beba e se curvará a mim
Beba ou então será
Seu fim
Beba e diga sim
Não, você não é Deus nenhum
Pois Deus só existe um
Só existe o Deus do bem
Você não é ninguém
Não, não me curvo
A falsos deuses
Pode me castigar
Todas as vezes
Seu espírito turvo
Um dia vai apodrecer
Ah, se ele desistiu?
Você quer saber?
Não, ele nunca desiste
Destrói a quem lhe resiste
Mas isso não vai acontecer...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 4 de setembro de 2020 13:46
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 22
Comentários +

Comentários2

  • Maria dorta

    Quase um vislumbre além do Bem e do Mal? A pensar..

    • Marçal de Oliveira Huoya

      O que há por detrás de uma sedução? Obrigado pelo comentário Maria

    • juliobraga

      Que beleza a simplicidade!



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