És como deusa, em trono de marfim esculpida,
Divina essência, de pureza inaudita.
Teus olhos detêm o clarão da própria Lua,
Que em noites de prata, a alma desnuda.
Teu riso, qual astro-rei em zênite ardente,
É ouro vertido, sonho incandescente;
Um raio sagrado que o destino traça,
Iluminando a vida que, sem ti, é fumaça.
Quando passas, o Cronos detém seu compasso,
O mundo emudece perante o teu passo.
Teu semblante seduz, qual feitiço ou canção,
E em festa galopa o meu coração;
Deságua o peito, em pressa e agonia,
Numa luz absoluta: uma epifania.
Sob meus pés, o espelho das águas turvas,
Reflete a mágoa em suas tristes curvas.
As poças, que o céu em degredo contêm,
Trazem a imensidão ao chão que me detém.
Tão baixo é o solo, quão ínfima é a lida,
Desta alma em retalhos, desta vida partida.
Oh, reflexo amargo de um peito em destroços!
Meus olhos são poças, em prantos remotos.
Delírio em vigília, sonho em desalento,
Buscando o teu rastro no açoite do vento.
Tu és o Olimpo, a glória, o altar...
E eu, sombra herdeira do próprio nada,
Condenado ao eterno e mudo sonhar.
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Autor:
Bardo de Ferro (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 18 de dezembro de 2025 23:26
- Categoria: Amor
- Visualizações: 3

Offline)
Comentários1
Muito lindo mesmo! Um poema com visíveis influências parnasianista. Adorei !
Abraços!
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