Antes de Aprender Meu Nome
No começo, havia um peso no ar,
um frio morando no verbo ficar.
Eu caminhava em mim como quem erra,
sem casa no peito, sem chão na terra.
O espelho era um lugar interdito,
um rosto partido, um olhar proscrito.
Eu passava por ele sem permissão,
como se existir fosse uma acusação.
Busquei esse alguém na voz de estranhos,
em braços rasos, afetos tamanhos.
Troquei meu silêncio por migalhas de fé,
chamei de amor o que não era e é.
Esse alguém chorava quando eu caía,
sentava ao meu lado quando tudo doía.
Eu nunca notei — estava ocupada demais
tentando ser outra, pedindo sinais.
Mas um dia o cansaço venceu a dor,
e o medo cansou de ser dominador.
Fiquei. Olhei. Tremi. Respirei.
Pela primeira vez, eu não me deixei.
Ainda há noites que pesam em mim,
nem toda ferida conhece um fim.
Mas agora há um gesto, pequeno e fiel:
eu seguro minha mão no escuro cruel.
E se o final ainda nasce em tristeza,
já não é ausência — é delicadeza.
Pois mesmo chorando, eu sei, enfim:
o amor que ficou… sempre fui eu por mim.
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Autor:
LDN (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 17 de dezembro de 2025 13:43
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 7
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