Silhueta

Versos Discretos

Meu sonho é urdido na trama do desejo, 
Nessa voracidade de desvelar teu segredo, 
De transpor o tecido e ver, sem censura, 
A alta definição de tua nudez pura.

Essa silhueta, de geometria refinada, 
Por mãos divinas delicadamente traçada, 
É contorno que corrompe minha paz fingida 
E desperta a fome de uma alma contida.

A luz, lasciva, em tua pele repousa, 
Ora fosca penumbra, ora seda 
 a textura, o calor que emana, 
 Antes mesmo que o tato rompa a membrana.

Deleito-me ao ver teu vulto projetado, 
Qual sombra chinesa em palco sagrado, 
Curvando-se sob o linho imaculado... 
Seria promessa ou apenas pecado?

Na escuridão, crio cenas profanas: 
Meus lábios mapeando tuas rotas humanas, 
Dois corpos despidos em tateio profundo, 
Entrelaçados, esquecendo o mundo.

Fantasio minhas mãos firmando tua cintura, 
Enquanto te entregas à doce tortura. 
No ritmo do encaixe, tua forma se arqueia, 
Dominadora e escrava, correndo na veia.

Vislumbro, enfim, tua silhueta em transe, 
Onde o gemido é prece e o corpo, romance. 
Respiração síncope, galope indecente, 
O grito do êxtase, final e urgente.

  • Autor: Versos Discretos (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de dezembro de 2025 11:28
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 6


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