Dualidade Hipócrita

Anon

Diz a Arte à Mácula:
Tu és tão bela... Faça parte de mim!
Sem ti sou uma mera obra truncada.

 

A Mácula recusa-se e proclama:
Destruiria assim tua perfeição.
Ademais, srta. truncada...
Só és perfeita por assim estar.

 

A Arte não entende que,
para que a Arte perfeita exista,
é nesçessário que ajam arthes inperpheitas.

 

© Anon

  • Autor: Anon (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de dezembro de 2025 23:02
  • Comentário do autor sobre o poema: Não, esse caos dadaísta não é completamente desordenado, ele tem um significado muito sólido. Percebam que a imagem retrata de maneira corrida artes perfeitas que tornaram-se imperfeitas. Artes como Vênus ao Espelho de Diego Velázquez, alvo de um ato de vandalismo da sufragista Mary Richardson. Danaë de Rembrandt, alvo de um severo ataque de autoria de Bronius Maigys, um soviético lituano mais tarde declarado como louco. Guernica de Pablo Picasso, alvo de um ato de vandalismo em 1974. Pietà de Michelangelo, alvo de Laszlo Toth, um geólogo australiano de origem húngara, martelou uma das esculturas mais famosas do gênio italiano, a Pietà, feita em 1499. Ecce Homo de Elías García Martínez, notícias da pintura desfigurada espalharam-se pelo mundo em agosto de 2012 nas principais mídias sociais. Entre muitas outras. A pergunta vem como um soco: quantas dessas obras receberam um peso maior e um cuidado a mais graças a essas máculas temporais? Espero que tenham gostado dessa fábula em verso livre, busquei de todas as formas demonstrar como a perfeição só existe por causa da imperfeição, vice-versa. Claro, é uma fábula, interpretem da maneira que desejarem. Quanto ao último verso, se encontrarem dificuldade em lê-lo, selecionem o texto em questão, vocês conseguirão visualizar o último verso dessa maneira. Agradeço pela atenção!
  • Categoria: Fábula
  • Visualizações: 5


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