Apego ao que não veio
Apeguei-me a sinais que eram névoa,
ecos leves de um querer inventado.
No silêncio das entrelinhas,
plantei histórias que só existiam
no território secreto do meu imaginar.
Rasguei o peito num gesto de coragem,
procurei abrigo nos olhos que encontrei,
mas não havia alma por detrás,
apenas reflexos passageiros
dançando na superfície.
Abri uma porta como quem abre portões,
esperando passos, vento, presença —
mas nada atravessou o limiar.
Fiquei ali, esperando o que nunca veio,
vendo a própria esperança se acomodar no vazio.
E mesmo assim,
no fim de tudo,
encontrei-me de portas escancaradas:
porque meu ser, inteiro e luminoso,
só sabe ofertar
o que de mais precioso carrega.
Eliete Souza
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Autor:
Eliete Souza (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 11 de dezembro de 2025 20:24
- Categoria: Amor
- Visualizações: 5

Offline)
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