Deus não suou

Anna Gonçalves

Queimei o nome da minha antiga versão em papel,

e disse ao vento que levava as cinzas:

Não preciso mais ser ela para existir.

Mas agradeci. Até aqui foi necessário para seguir. 

Até este fogo me consumir

 

Entendi, então, que a ação é a prova da fé 

minha, sua, de qualquer um que ouse mover-se.

Eu sou a prosperidade em forma humana.

O universo não reage a pedidos mudos,

é o corpo em movimento que alinha o desejo.

 

Fiz o contrário do que o medo manda.

Ele exala pânico, eu exalo presença.

Quanto mais se corre atrás, mais ele foge.

Quando você se solta, ele te persegue…

Completa ironia divina, o universo se hipnotiza,

por quem não precisa convencer

nem a si, nem aos astros.

 

A leveza é a gravidade invertida.

Um sorriso muda o campo, o riso cura o até o teto.

Deus não criou o mundo com suor, mas com êxtase.

Como, então, manifestar milagres

na frequência do peso, no ardor da angústia?

Impossível!!!

 

Por isso queimo nomes, solto fumaça,

e danço sobre brasas da pessoa que fui.

A nova não convence e nem se rasteja, apenas existe 

e o cosmos, fascinado, acompanha os seus e os meus passos

como um séquito de estrelas ao redor

de um astro que nem sabe que brilha.

  • Autor: Anna Gonçalves (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 11 de dezembro de 2025 20:20
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 7


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