“A Saudade Viaja Mais Rápido Que Eu”
A saudade viaja.
Ela atravessa a rua antes de mim,
pula o portão, corre pela madrugada
e chega primeiro em todos os lugares
onde um dia você existiu.
Eu ainda estou aqui,
lenta, cansada, tentando respirar,
mas a saudade… não.
Ela tem pressa.
Ela sabe caminhos que eu esqueci.
Ela entra em cidades onde nunca mais voltamos,
bate em portas que já nem existem,
acorda memórias que eu jurei
que tinham finalmente adormecido.
E quando percebo,
a saudade já está me chamando,
me puxando pelo braço,
me fazendo lembrar sem querer.
Ela não pergunta se eu estou pronta,
não pergunta se dói —
ela simplesmente me arrasta.
Às vezes ela viaja para tão longe
que minha mente não alcança,
mas o peito sente mesmo assim.
Porque a saudade não precisa de lugar,
apenas de um nome,
um cheiro,
uma sombra
que se pareça contigo.
E cada vez que ela volta,
volta trazendo mapas rasgados,
memórias tortas,
instantes que o tempo não conseguiu apagar.
Ela me conta histórias que eu já vivi,
mas que ainda doem como se fossem novas.
E eu escuto tudo.
Sempre escuto.
Como quem encara um velho fantasma
com respeito e cansaço.
A saudade viaja tanto
que às vezes penso
que ela não pertence a mim.
Pertence ao vento, ao tempo,
aos dias que não voltam,
a tudo aquilo que a vida levou.
Mas então ela para,
devagar,
sentando ao meu lado
como quem entende o peso de existir.
E eu percebo que, silenciosa,
ela só volta porque, de algum modo,
você ainda vive em mim.
E no fim,
é sempre assim:
a saudade viaja, corre, volta, insiste —
uma peregrina incansável
que atravessa minhas noites
carregando teu nome
como se fosse um pequeno altar.
E eu sigo,
tentando acompanhar,
mesmo sabendo
que nunca vou chegar
no mesmo lugar onde ela te guarda.
~LannyKsan
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Autor:
Lannyksan (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 8 de dezembro de 2025 09:47
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 2

Offline)
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