Diante de uma sociedade moldada em padrões rígidos, tudo o que escapa ao eixo é julgado, apontado, condenado — como pôde nascer alguém, tão deslocado?
Desde muito jovem, reconhece a diferença que ecoa mais alto que qualquer voz: não sou como eles. Portanto, apaga-se do mundo. Reveste-se por fora, dobra-se às formas alheias, aprende a existir escondida, quase igual.
Por dentro, porém, a menina grita. Chora em silêncio. Nenhuma tentativa, nenhuma dor, nenhuma tortura a faz pertencer — nunca fará.
Ainda assim: é válido tamanho esforço?
Às sombras, compreende que jamais será aceita. O disfarce engana o longe, nunca o olhar atento. Continua sendo a mesma — estranha aos olhares comuns.
Prevalece então, o meio julgamento ao desprezo por inteiro. Finge. Sangra. E acredita que, assim, talvez suporte melhor essa doentia dor da rejeição via fora.

Offline)
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.