Entre o Tempo e Eu

Junior Silva

No relógio da vida,
o tempo dançou depressa—
ontem eu esperava os tão sonhados 1.8,
hoje acordo com duas décadas e sete anos
brilhando na minha porta.

Sou eu,
a criança que colecionava amanheceres,
que mudava de sonho
como quem muda o rumo de uma pipa no vento:
quero ser professor!
não, jardineiro!
talvez médico…
advogado, quem sabe…
E no teatro da imaginação,
cada papel me cabia inteiro.

O tempo passou,
levando na mala os rascunhos do que eu seria,
mas deixando comigo
a coragem do que me tornei.

E hoje me pergunto,
com o coração encostado na memória:
será que aquela criança teria orgulho deste adulto?

Talvez sorrisse,
talvez me abraçasse com seus olhos de futuro,
e diria baixinho:

"Você conseguiu.
Não o que sonhei—
mas o que precisava ser."

Porque entre quedas e conquistas,
entre os caminhos que dobraram sem avisar,
eu cresci.
E continuo crescendo
com a mesma teimosia luminosa
de quem acreditava no impossível.

A criança foi raiz,
eu sou o tronco,
e o amanhã,
ah… o amanhã é galho aberto pro infinito.

Hoje celebro este tempo que voou,
mas que pousou leve aqui dentro.

  • Autor: Jr.Silva (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de dezembro de 2025 22:13
  • Comentário do autor sobre o poema: O poema conversa com a pergunta: “Será que a criança que eu fui teria orgulho de mim?” A resposta é suave e afetuosa: sim, ela teria. Mesmo que os sonhos não tenham se concretizado, o adulto que surgiu é forte, sensível e resiliente. Isso traz a ideia de autoaceitação e orgulho da própria jornada.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5
Comentários +

Comentários1

  • jroberto.bsb

    Parabéns! A criança que outrora fomos, hoje não se afasta de nós.



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