Musa

se um dia eu ousar expor o proibido
e, em teus cabelos, permitir perder a razão,
saberás que teus olhos desconstroem um homem
e teu sorriso desregula uma órbita.

queria ter o poder, um único dia que fosse,
De igualar nossa existência no tempo,
tornando o possível ser, a nós, uma realidade,
o saltar de um conto em um romance inevitável.

no teu rosto, boca e mundo inteiro,
depositaria beijos represados, selvagens e fugitivos,
palavras e encantamentos proibidos sussurrados em teu ouvido

enquanto eu eternamente morreria em teu colo de musa minha.

faria-te mulher das flores mais doces e raras
e beberia do teu néctar até quando o céu fosse céu e não moradia.

Arthur de Mello Noos