Tem uma raiva
Crescendo dentro de
mim, uma raiva que eu
não sentia há muito tempo
Uma raiva um tanto
quanto familiar, uma
Raiva conhecida como
minha antiga inimiga
Uma raiva que um
dia me fez tentar tirar
Minha própria vida
Olá raiva, tudo bem?
Que pergunta tosca,
Mas é claro que não
Se a raiva está aqui é
porque nada está bem
A raiva se espalha
pelo meu corpo sem
que eu possa controlar,
Ou fazer qualquer coisa
pra que possa parar
E eu fico esperando
chegar o dia em que
a raiva controlará o
Meu corpo e minha vida
Uma raiva disfarçada
Usando uma máscara
porque não quer revelar
sua verdadeira face
Pois a raiva é de mim
E de tudo a minha volta
Raiva de não saber mais
Sobre meus sentimentos
Pois na maior parte
do tempo eu só
Sinto raiva, raiva da
minha inutilidade
O que não era pra ser
Pois não sou eu que me amo?
Que dá aula de amor próprio?
Que se sente feliz e autossuficiente?
Talvez um dia isso
tenha sido verdade
Pois de uns tempos pra
cá, alguma coisa mudou
E eu não tenho admitido
que não sou mais aquele
Amor próprio todo que
um dia eu conquistei
Estou mais pra Isabele
do passado, que
Sofria por muito e o
fazia em silêncio
Então essa história de amor
próprio, para mim são só
palavras que digo pra todos,
Menos pra mim mesma
Porque eu já não
sinto, e já faz algum
Tempo, mas estava
com medo de admitir
De dizer pra mim mesma
Que me sinto tão incapaz
Tão completamente fútil
Na minha própria história
Já não sou mais a
Personagem principal, sou
apenas mais uma figurante
que passa despercebida
Sinto uma raiva dentro
De mim, e ela está
crescendo, ficando mais
forte a cada momento
E eu tenho medo de
voltar ao passado
Cometer os mesmos
erros que deixam
Novas cicatrizes
Temendo que essa
raiva me faça repetir
E me faça conseguir o
que não pude, anos atrás
Pois os pensamentos voltam
De já não querer mais existir
De já não mais ver sentido
Nessa merda de vida
O meu sonho de poeta
é o que me mantém aqui
Mas daqui um tempo, ele
não será mais o suficiente
Eu sinto uma raiva dentro
De mim, mas eu sei que
Não é só isso, pois a raiva
é sinal de que ela voltou
E tudo aquilo pra qual
eu me considerava curada
Veio tudo junto e à tona,
de bagagem com ela
Ela, a maldita, que não
Pode ser citada, pois
não quero que ela veja
Que eu a percebi
Por isso em silêncio
Através desse poema
eu peço ajuda, pois
não quero ela em mim
Não de novo, não outra vez
Eu não quero mais sofrer
Eu não quero mais que doa
E eu só consigo pensar
Em uma solução
Mas não quero chegar
a isso, eu quero sair
dessa, mas eu sei que
Não consigo sozinha
Já estou fraca demais
pra pensar qualquer coisa
Que possa impedir da
Situação se agravar
Pois na maior parte
do tempo tudo o
Que eu penso é
De não existir mais
Eu sinto uma raiva
dentro de mim, mas
Não era só raiva
Era a depressão usando
a raiva como disfarce
Ela já me disse oi, mas
eu ainda não respondi, pois
não quero que ela veja que
Eu visualizei a mensagem
Eu só penso em cometer
os meus erros do passado
Os cortes, as cicatrizes
As tentativas que não
passaram disso
Mas há uma probabilidade
de que agora elas possam
passar pra outro nível,
na primeira, na segunda
é provável que eu consiga
Porém eu ainda não
cheguei a esse ponto
Mas não se acalme
porque eu disse “ainda”
Então por favor eu
imploro, e exclamo
Me ajuda a não fazer
o que tentei, anos atrás
Pois não quero ter
que passar pela primeira
nem a segunda, mas sei
Que daqui um tempo não
verei outra alternativa
Eu sinto uma raiva dentro
de mim, mas não é só a
raiva, é dor, é sofrimento
E eu o faço em silêncio
Eu não estou bem
- Autor: Isabele Farias ( Offline)
- Publicado: 2 de setembro de 2020 20:34
- Comentário do autor sobre o poema: Esse poema é um pedido de ajuda, devido à pensamentos sombrios que me assombraram em uma certa época, e à vontade de cometer erros do passado: auto-mutilação. Com a mente mais fortalecida, eu consegui pedir ajuda antes que a depressão tomasse conta de mim, como já aconteceu, para que me impedisse de cometer um crime mais grave contra mim mesma: a tentativa de suícidio citada no poema.
- Categoria: Carta
- Visualizações: 64
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