Como será que um jardineiro fica quando tudo o que tem morre?
Ele chora? Ele vira as costas? Ele pensa? Ele morre junto?
Qual será o tamanho da sua dor?
A falsa luz do nascer do sol me trouxe sonhos
Pensava todos os dias "Ela é a minha margarida"
Aquele horizonte só me lembrava ela
O céu parecia pegar fogo, como o meu coração
Como uma criança, eu vi e senti na pele
Eu sonhei, sonhei de verdade
Finalmente pensei que tudo seria lindo
Eu imaginei aquele dia, parecia que já tinha acontecido
Sobre a luz da manhã, e o bater das águas
Me despertava, uma palavra da alma
"Eu te amo e te toco como o mar toca o sol, como as aves tocam o céu. Meu jardim é seu"
De novo, aquela maldita e linda borboleta
Eu teria matado todas as minhas flores por ela
Teria arrancado cada raiz daquele solo por ela
Podaria cada folha por ela
Mas agora, onde ela está?
Ela me deixou aqui, dentre as rochas secas
Olho ao meu redor, tudo está acabado
Parece que o solo morreu, não chove mais e a luz não chega aqui
Porque você fez isso?
Eu arrancaria cada maldita estrela do céu por você
Eu queimaria tudo por você, mas o meu coração que virou cinzas
Nada foi suficiente. Nunca é suficiente
Te implorei, implorei pra não ir embora
Mas como uma lagarta que um dia cria asas, parece que era inevitável
Olho para aqueles pontos brilhantes lá em cima
Eu me sinto como eles agora
Apenas ofuscando, solitárias, mergulhada no escuro
Ninguém vai entendê-las, só verão de longe
Só me sobrou esses galhos secos
Meras memórias em pedaços e poeira
Ela tinha que ir embora
Ela nunca foi minha
Ela nunca me amou
Eu te amei mais que tudo, mas aprendi uma coisa
Flores regadas demais, morrem.
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Autor:
Meu Escuro (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 3 de dezembro de 2025 23:10
- Categoria: Carta
- Visualizações: 2

Offline)
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