O peso de ser sua irmã

Magz

Eu não gosto da ideia de gostar de você.

Porque sempre que colocamos palavras para fora,

sempre que me afasto, eu penso:

talvez eu realmente não goste de conversar com você.

Como se, ao gostar, estivesse indo contra meu sangue,

Minha moral.

 

Eu estarei lá para defender-te,

Mas não consigo amar você.

Sei lá os sentimentos meus em relação à você,

Nem sei ao menos se gosto de você.

Você diz que as vezes parece que só você se importa com a nossa relação,

E eu concordo em silêncio, porque talvez seja o que pareça mesmo

 

Espero que um dia você me faça gostar de você.

Porque, por toda a minha vida,

Só estive aturando, te aturando.

Te odiar, revidar, gritar…

É ir contra minha moral.

Então nunca mais o fiz,

Porque tento ser um exemplo pra você.

 

Quando criança, talvez eu gostasse de você.

Era chato ficar sozinha

Solitário de brincar

E quando você vinha,

Eu tinha alguém pra conversar.

Mas então a gente brigava

E mesmo naquela época,

Da sua natureza eu não gostava.

Por exemplo: quando você me beliscava,

Ou a minha cara tua mão estapeava,

Ou na cama você me chutava.

E mesmo quando eu revidava,

A minha força era mais fraca.

 

Nunca entendi o porquê de você ser assim.

Eu também só com a minha mãe morava,

E não cabe a mim dizer que você não teve amor suficiente,

Então, porque você é assim?

 

Quando penso em ti,

Não me vem uma boa qualidade na cabeça,

E eu me sinto errada.

Isso é errado, não?

Como, o que eu sei da sua vida?

E o que sabes da minha?

 

Tudo o que você fazia,

Para os outros é era normal,

E isso me irrita porque, tudo aquilo me machucava,

em mim deixou marcas.

 

Tenho medo de te odiar,

Odeio ainda mais sentir que talvez te odeie.

Te odiaria porque odeio como você se expressa,

Como distorce tudo,

Te odiaria porque odeio como você ao mesmo tempo que só se escuta, não se escuta.

Te odiaria porque odeio a ideia que tem inveja de mim desde criança,

Desde sempre.

E eu? Não, não sou santa

Porque odeio me sentir “mais boa” que você,

Só que nisso tudo, tenho pena de você.

É, eu odeio sentir pena de você.

Porque isso não é certo, não é.

 

Eu prefiro acreditar que você tem algum problema mental,

Algum trauma profundo,

Do que pensar que você realmente é assim.

Mas eu odeio confirmar que, desde sempre,

Você foi assim.

 

O que te faltou?

Respeito? Noção?

Menos plateia?

Menos palmas?

Ou mais limites?

Mais silêncio?

Te faltou mesmo um tapa na boca,

Mais educação.

 

Como você se sentiria ao ler isso?

Uma parte de mim acha engraçado,

Já que você ficaria decepcionada comigo.

Porque eu me decepciono com você há muito tempo,

que até fiquei acostumada.

E eu odeio estar acostumada com você.

 

Odeio como você nunca mudou,

Como você não percebe que está errada,

Como você se acha uma coitada,

Como você nunca se cala.

Odeio como você não consegue só deixar algo de lado,

Ou como não consegue entender o outro lado.

E só se concentra na própria emoção.

Como as vezes parece que só é assim com a própria família.

E com o resto do mundo tem educação.

 

Não entendo.

Não te entendo.

E odeio pensar em te entender.

Mas acho que quero ainda o fazer,

Para me revidar de alguma forma de você,

Tentar ser um exemplo para você,

Assim como sempre me colocaram, indiretamente ou diretamente.

 

E digo mais:

nunca ouvi um elogio sincero seu.

Nunca.

Nem de um desenho meu.

Você não sabe elogiar —

aponta defeito, critica antes,

ri depois e diz:

“brincadeira”.

 

Quando você vai parar de brincar?

Quando vai crescer?

Quando vai mudar?

 

Talvez sejamos parecidas nisso, afinal.

  • Autor: Magz!!! (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de dezembro de 2025 11:23
  • Categoria: Família
  • Visualizações: 3


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