Há quem diga
que obedecer é virtude,
que calar é disciplina,
que seguir comandos
é o modo mais seguro
de atravessar o mundo.
Mas quando a dor de alguém
nasce da minha obediência,
porque eu “apenas” segui uma ordem,
não há pureza possível:
há cumplicidade.
A passividade é um véu fino—
transparente demais
para esconder a escolha.
Quem se curva sem pensar
não se exime:
se alinha.
E onde se alinha,
se iguala.
Carrega então não só o gesto,
mas o silêncio que o permitiu;
não só a ação,
mas a covardia que a embalou.
A maldade, vestida de obediência,
não lava nada,
não salva ninguém:
apenas embrutece,
apenas apequena,
apenas transforma o cumpridor
em sombra da própria consciência.
Que eu nunca me permita
esse disfarce confortável.
Que eu escolha,
mesmo quando treme,
a coragem de ser inteira,
a insubmissão que protege,
a dignidade que não fere.
Porque a moral que herdamos
é só o chão inicial—
mas a moral que escolhemos
é o caminho inteiro a seguir.
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Autor:
Josi PMVC (
Offline) - Publicado: 28 de novembro de 2025 13:46
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 1

Offline)
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