Dissolvem como água

Os versos se dissolvem como água,

Mas por quê?

Tem versos que simplesmente entram,

Outros que leu e nem lembra.

Isso é um recado daqui lá para fora,

Os versos de cá vão embora assim que você sai,

Mas quando volta: "Ah, eu já li isso."

Será que o verso não é tão potente para entrar na sua mente?

Ou nós somos tão burros no que toca ao mentalmente?

Bem, não sei, mas sei que os que ficam, ficam para sempre

Entre milhões, infinitos neurónios, os versos são ligados

Contados a outros milhões que mais tarde se esquecem

Apressam para sair dali e ir para onde o aquecem,

Longe dos nossos versos.

Não adianta compartilhar o que é querido a quem não quer,

É como esticar a mão por dinheiro num metro cheio de mal-perdedores.

Faço como Fernando Pessoa, me ataque com falácias,

Eu respondo com uma caneta mais brava que águias,

Meus versos desaguam nas minhas águas!

Voltam, saem, se repete sem fim...

E só isso é importante para mim.