Meu amor clichê

Quero alguém que chegue certo, não no teste.

Que me assuma na rua, no love, no Oriente.

Dama e Vagabundo na pista, mas com postura quente,

não esses boy que aparecem e somem de repente.

Quero rap romântico no fone, MPB na calma,

Charlie Brown Jr. tocando pra reacender minha alma.

Quero que ele faça dos meus versos os dele, sem drama,

e escreva poesia no papel porque eu ainda curto trama.

Quero admiração real, não elogio automático.

Quero alguém que entenda meu estilo, meu básico e meu dramático.

Presentes originais, zero clichê problemático,

surpresa boa, rosa linda e cuidado clássico.

Quero que entenda meu amor pelos bichos,

que me ouça falar do meu dia, dos meus vícios,

que me deixe ser eu inteira, sem cortes, sem indícios

de querer moldar quem sou pelos seus caprichos.

Quero alguém que me tire estrela por estrela no tato,

que reconstrua confiança onde já teve estrago.

Que me faça chorar só de alegria no ato,

e me olhe como quem quer dominar o mundo ao meu lado.

Quero madrugada com papo, céu claro,

perguntas bobas, mas interesse raro.

Que não venha só pelo corpo, pelo descaro,

que se apaixone primeiro antes de querer o meu amaro.

Quero alguém que perceba detalhe por detalhe,

que não renda pra mulher vulgar no feed, sem baile,

que respeite minha fé, meu caminho, meu ritual,

e me escolha pra sempre, não no final, mas no início real.

E até esse amor firme aparecer na linha,

eu recuso superficial, dispenso energia mesquinha.

Porque quem quiser minha vida, meu brilho, minha rima,

que venha pronto, porque eu já tô pronta faz é dia.