Louco amor

Toda a mulher sonha
Em ter um homem por quem se apaixonar
Dele quer ser dona
Fazer a relação funcionar 
Não quer alguém que a ponha

No seu devido lugar
Pois ela é a joia da coroa 
Que ninguém pode roubar
É tudo! É rainha, é patroa!
Em todo o homem tem de mandar!

E tão bem que soa
Ser um amor em pessoa
Com ela é cagar e andar
Homem que não serve para nada só está a estorvar 
Cabecinha pensadora
Pede aos seus seguranças para, do corpo, se livrar

Assim as mãos, não tem que sujar
Nesta noite risonha
Pode se observar
O seu ar de vencedora
A sua mão uma na outra, de contente, a se esfregar

É maldita, esta mulher que não me abandona
Para onde vou ela tem de lá estar
Faz questão de ser minha fiel espetadora
Para o meu sofrimento ela festejar
Com ela a força está a contar
Já a minha me está a desapontar
Quando é que a minha vai despontar?
Até quando me vou deixar amedrontar?

Ela não é doida, ela é louca!
No manicómio é onde esta noite deve pernoitar
Para terem uma pequena noção sintam o seu olhar 
que lhe fica mesmo a matar
Que deus não me ouça
Porque se ouvir o que estou a rezar
Muita força essa mulher vai precisar

Já tem força, mas pode aumentar
Melhor deixar a ferida cicatrizar
A lua é redonda
Tem sempre a mesma fronha
Já tu não tens só uma, tens muitas outras

De dia parece que não fazes mal a uma mosca
De noite parece que alguém te fez mal
Não ponhas palavras na minha boca
Nunca disse que estavas em fase terminal
Quero que tenhas uma boa vida e uma vida boa
Mesmo que não a mereças ganhar
Pois não é à-toa
Que bom filho a casa torna
Agora não fales, passa a minha camisa de manga longa
E quando eu for para a vestir por favor abotoa

É maldita, esta mulher que não me abandona
Para onde vou ela tem de lá estar
Faz questão de ser minha fiel espetadora
Para o meu sofrimento ela festejar
Com ela a força está a contar
Já a minha me está a desapontar
Quando é que a minha vai despontar?
Até quando me vou deixar amedrontar?

Ser mulher mandona a seu favor, não abona
Por muito que eu possa rastejar
Para mim o sentimento será sempre a mesma coisa
Faça ela o que fizer, não a posso cortejar
Mulher muito calada só pode estar a planear
Uma estratégia devo delinear
Para em falso a poder apanhar
Desde de inicio que essa mulher me tomou de ponta

Viu-me e disse, esta noite sou eu quem te monta
Quem te desmonta, horas e horas sem parar
Por isso não fujas, não te escondas
Que eu vou-te encontrar
Muito menos levantes ondas
Se não sabes como te desenvencilhar
Quero que me respondas
Sem deixares pontas soltas

Sim, entrei na banca rota
Essa foi a gota
De água, agora quero largar
Esta vida que não perdoa
Mando a moeda ao ar
Escolho ou cara ou coroa
Uma das duas escolhas

Qualquer uma que me faça sair da zona
De conforto que me aprisiona, pior que masmorras
Essa maldita sombra
Que me assombra
Ou esse hemangioma
No retrato da sala de estar
Se nada mais restar
Fica esse retrato por relembrar

É maldita, esta mulher que não me abandona
Para onde vou ela tem de lá estar
Faz questão de ser minha fiel espetadora
Para o meu sofrimento ela festejar
Com ela a força está a contar
Já a minha me está a desapontar
Quando é que a minha vai despontar?
Até quando me vou deixar amedrontar?