QUANDO ME PERDI DE MIM.

QUANDO ME PERDI DE MIM. 

Eraldo Silva.

Hoje mandei mensagem pra mim mesmo. Saudades do tempo em que eu me reconhecia.

Saudades do silêncio onde eu ainda me encontrava inteiro.

Sem perceber, fui me distraindo de mim. Saí devagarinho daquilo que eu era, como quem abandona a própria casa para morar em vitrines.

Passei a viver de aparência, guardando o meu “eu” numa gaveta qualquer, enquanto me esforçava para agradar quem nunca desejou me conhecer de verdade.

Convivi com pessoas interessadas apenas no que eu podia entregar, nunca no que eu sentia.

E, acreditando nelas, fui abrindo mão dos meus princípios, dos meus valores, da minha verdade… tudo para caber em uma sociedade que exige máscaras, mas nunca acolhe o rosto real.

Demorei, mas aprendi: ninguém deve se reduzir pela metade para tentar pertencer. Ninguém precisa se quebrar para caber no mundo de alguém.

Depois de muito tempo, descobri que a maior lealdade que existe é ser inteiro mesmo que isso incomode, mesmo que isso afaste, mesmo que isso te deixe sozinho por um tempo.

Porque pior que caminhar só…

é caminhar sem si mesmo.