À Rosa, outra vez...

Lucas Guerreiro

 

Se não te vejo,

se não te cheiro,

se não te toco...

 

Mas, ah!, aí estás,

viva e cheia de graça

e formosura.

 

És a pior das inquilinas

de meu coração tolo

que não tem coragem

 

De lançar-te à rua!

és a lembrança maldita

de dias não vividos.

 

És tudo e tão somente

o que desejo esquecer,

porque, de medo, escondo-me

 

Em minha casa; refugio-me

do mundo lá fora com medo

de, à menor escapada,

 

Esbarrar-me contigo na esquina

e ser, uma vez mais, confrontado

com teus olhinhos indiferentes, que nada dizem,

 

E, por isso mesmo, dão-me tão inútil e vil

esperança; mas, ah, se dissesses!

se proferisses a mim uma única palavra

 

E confirmasses, de uma vez, tudo o que sonho acordado,

tudo o que finjo que existe, toda a minha vã profissão de fé,

e materializasses, naquele instante de felicidade, toda uma vida não vivida.

 

Se tão somente te aproximasses de mim e jorrasses mel de teus lábios.

Sonhador louco e desvairado! Tudo o que sei, tudo o que sou, nada é e nem

pode vir a ser, pois sou fruto da imaginação dos homens, das sensações

 

Que satisfazem ao coração humano. Não existo. Mas tu, oh menina, fazes-me desejar existir. Lavem-me os olhos! quero voltar a enxergar a dura realidade que

se impõe e sobrepõe aos sonhadores preguiçosos, pois

 

Se não te vejo,

se não te cheiro,

se não te toco,

 

Também tu não existes.

  • Autor: Lucas Guerreiro (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de novembro de 2025 16:19
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 3
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