Flores no Vale

Os céus azuis fugiram para longe,
e as colinas que antes brilhavam
agora dormem em névoa.
No meu diário rabiscado,
confessei que já vivi dias melhores
que esses que pesam no peito,
como chuva que insiste
em cair na minha janela.

Carrego um cansaço que não sei nomear,
um peso que o coração
já não consegue esconder.
E, fraca, quase sem voz,
fiz a oração mais desesperada
que já saiu de mim:

“Deus… por que ainda estou aqui?”

E o silêncio não veio.
Em vez dele, uma voz mansa, firme,
tocou as bordas da minha alma:

“Filha, estou plantando sementes.
Eu sou um bom Deus,
e tenho um bom plano.
Confie—
seguro um regador nas mãos,
e um dia você verá
as flores crescendo no vale.”

Então, mesmo nos dias
em que sobreviver já parece vitória,
respiro fundo
e lembro que é só uma estação,
e o Senhor caminha ao meu lado
passo após passo,
mesmo quando tropeço.

E eu fico bem.
Porque Ele prometeu.

Mais tarde, quando eu estiver
lá do alto da montanha,
olhando para trás,
vou enxergar um vale inteiro florido,
que precisou da chuva,
do pranto,
do silêncio,
da dor—
para florescer.

E eu farei uma oração de gratidão:
“Obrigada, Jesus,
por ter me mantido ali.
O Senhor sabia o que eu precisava.
Plantou sementes.
Regou a minha alma.
E me deu paz.”

Porque agora eu sei:
flores crescem no vale.