Riacho da Vida

Riacho da Vida

A água cristalina que corre mansa
no pequeno riacho que atravessa o meu dia
leva todas as tristezas água abaixo,
dissolve mágoas, apazígua dores,
convida a alma a nova travessia.

No compasso sereno de suas águas
renova minhas esperanças, sonhos e crenças,
e, num súbito sopro de pureza,
traz de volta o sorriso de criança
que um dia adormecera na ausência de alegrias.

À beira do seu murmúrio transparente,
faz-me ouvir o suave canto dos pássaros,
como quem desperta para o sagrado simples,
e reconforta-me à sombra da árvore frondosa,
onde o tempo descansa, e a paz, enfim, repousa.

Nesse cenário de luz e quietude,
a correnteza, em gesto quase divino,
inspira o meu coração no Deus maior,
sussurra que a vida, mesmo ferida,
ainda guarda milagres no seu destino.

E, se por ventura, a saudade me pesa,
a água, em sua eterna viagem,
traga de volta o amor que perdi,
ou ao menos o eco da ternura que ficou,
guardado entre lembranças e coragem.

Que seu toque líquido e eterno
acalentem meus passos,
firmem-me no teu abraço,
e me alinhem ao caminho que ainda não vi.

Pois nesta correnteza que segue sem medo,
onde tudo passa e tudo se purifica,
encontro o alívio que me guia e sustém:
que o riacho da vida, com sua fé que não cansa,
confia-me no porvir
e devolve ao meu espírito a mais serena esperança.

Luiz Eduardo Paraguassu

Goiânia, 15 de novembro de 2025.