Olho para cima
Não há céu
Há malha metálica quadrada
Luzes de LED
Com aquela linearidade gélida
Com aquele cheiro de verniz
Mas a malha se aproxima
Aproxima-se do meu pescoço
E, quando o envolve,
A malha começa a diminuir
Começa a esmagar as carótidas
Quinas
São tantas quinas que me perco
Perco-me nas divisões das paredes
Caindo nelas
Afundando no espelho de sua regularidade
Tornando a mim mesmo uma quina
Fria e pontiaguda
Dura e quebradiça
Simples e prática
Não me lembro de meu crânio ser tão cúbico
Não me lembro de minha lombar ser tão reta
Não me lembro de meus olhos serem tão brancos
O céu é azul?
As folhas são verdes?
O Sol é quente?
A noite é estrelada?
Onde estão as curvas macias das nuvens?
Devem estar encaixadas nos retângulos de meus ombros.
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Autor:
Ultracrepidário (
Offline) - Publicado: 15 de novembro de 2025 10:50
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
- Usuários favoritos deste poema: Vênus Não Terra

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