Vale a pena lutar
por um pedaço de terra?
Contra um traço num mapa,
uma fronteira riscada
com sangue e convenção?
A mina terrestre hibernando
aguarda o passo errado
de um menino que ainda acredita
que brincar é possível.
Enquanto os céus choram bombas
sobre a cabeça de adultos
que sofreram lavagem mental,
a terra — a mesma terra —
engole corpos,
de um lado e de outro,
sem distinguir bandeira.
Vale a pena lutar, dizem,
pela pátria, pela honra,
pelo nome do pai.
Mas que vale a pátria
quando o chão é cemitério
e o amanhã é cinza?
A paz é um rumor distante,
um idioma esquecido.
E a humanidade,
essa velha doente,
ainda acredita
que o ferro e o fogo
podem curar a alma.
Talvez lutar valha a pena —
mas só quando a batalha
é contra a própria cegueira.

Offline)
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.