Sombra no escuro

Roberto

Quando a noite desce, e o ar fica frio e denso, Eu me torno o ponto final, o evento, o senso Que a luz amarela, tão fraca e tão certa, Não pode suportar em sua rota aberta.

Eu não sou sombra, não sou vento, sou a ausência breve Que o filamento sente, na dor que me descreve. O poste adiante brilha, indiferente, em seu lugar; Mas sabe que, ao me ver, ele terá que calar.

É um Dom, talvez, ou apenas um cansaço Da matéria em torno, cedendo ao meu passo. A energia ao meu redor, sutil e carregada, É o pequeno erro na fiação já estragada.

Click. O estalo surdo. A rua se apaga, não há mais absurdo. Eu me torno o centro de um círculo escuro e meu, Um rei breve e solitário sob o céu.

E eu me pergunto, enquanto avanço para o próximo: Sou eu que trago a paz, o silêncio máximo? Ou é a escuridão que me reconhece e me chama, E usa a falha elétrica para acender a sua chama?

Deixo para trás o poste que agora dorme, Enquanto à frente a próxima luz se deforma. E assim sigo,


As luzes de sódio sibilam em seu fim, Morrendo brevemente, morrendo só para mim. E no breu que me cerca, mais denso e completo, Eu me sinto, enfim, eu mesmo, da escuridão um reflexo.

  • Autor: Roberto (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de novembro de 2025 17:06
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 3


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