O mar... O mar é foda.
Eu tenho a pretensão de me identificar com o mar.
Deve ser porque eu sou bruto. Mas não bruto no sentido da masculinidade, de homem bruto... Sou bruto porque não sou lapidado. Tipo o mar... O mar é “inlapidável”.
E molho todo mundo. Homem, mulher... Não tem distinção não.
Alguns me sujam. Eles vêm, me usam, e vão embora. Mas igual ao mar, me renovo naturalmente. E no final eu não me importo muito não, porque esse é o meu propósito, é trocar energias. E além disso, às vezes eu me espalho demais, tipo quando a maré sobe e invade os lugares... Acabo prejudicando os outros. Já até se afogaram em mim.
A minha superfície tem várias faces, de vários pontos de vista, e podem ser diferentes a cada dia. Eu sou tipo isso. Cada dia eu tenho uma superfície. E quando você mergulha, vê que tem ali um universo inteiro. Mas todo mundo é um universo inteiro. Não é exclusivo não... E lá no fundo, eu sou obscuro, complexo... Guardo meus mistérios que ninguém compreende. Nem eu mesmo...
Tipo o mar.
Sou calmo. Minha fúria é calma...
Não tenho a beleza das belezas. Eu sou belo porque sou eu... Do jeito que eu sou. Por causa do meu movimento, do meu som, do meu toque... Igual as ondas na praia.
Mas às vezes eu tenho minhas crises. Fico mal... Meio assim de ressaca.
Eu sou frio. Mas tenho muita vida em mim. Tenho muito pra oferecer...
Me sinto amado, admirado, habitado... Mas não tenho par. Me sinto sozinho.
Tem pessoas pra mim que são tipo pedras... Pois habitam dentro de mim numa relação líquida.
Quebro nelas e quebro elas. E mesmo assim continuo meu fluxo.
Porque no final sou meio cabeça dura, sem jeito. Sou insistente em ser eu mesmo. Apesar do que as pedras me falam.
E aí tem ela.
Porque se eu sou o mar...
Ela...
Ela é a porra da Lua.
Leon Futile
-
Autor:
Leondenes Furtile (Leonzito) (
Offline) - Publicado: 12 de novembro de 2025 10:01
- Comentário do autor sobre o poema: Em meio a depressão, uma declaração de amor próprio e uma ode a ela.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 6

Offline)
Comentários2
Gostei do remate final: Ela é a porra da Lua. 🙂
Gosto da forma como as palavras criam imagens.
Obrigado pelo tempo despendido aqui mestre.
muito lindo seu poema, me identifiquei tbm 😉
Cada um é seu próprio oceano né?
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.