Concurseiro

     Ao decidir-se a sentar em uma cadeira 3 a 4 horas por dia, é uma maneira de conquistar seu futuro de forma probabilística e correta. Não se sabe o que pode vir, mas a certeza de acertar alguma coisa é válida. A vida de um estudante começa assim: o primeiro passo é sentar em uma cadeira desconfortável; aqui começa a caminhada.

     Horas se passam, dias se passam, e lá está ele, enfrentando a dor nas costas, a dor de cabeça e a vontade de desistir. O que o mantém ainda nesse caminho é o sonho de estabilidade, o sonho de não mais depender de alguém financeiramente.

     O dia tão esperado chega, e bate um pequeno desespero, uma pequena explosão nuclear: “O dia da prova finalmente chegou!”. É hora de sair da cadeira e sentar em outra, muito mais desconfortável. As ideias começam a sumir, e só vem um pensamento à mente: “Será que eu vou passar?”

     A prova começa, o coração acelera, a mente entra em caos total. E de repente... aparecem flores, flores no papel cheio de letras. A cadeira, muito mais desconfortável, agora é mais confortável que a sua. A primeira questão é resolvida, a segunda também, a terceira... e assim vai.

     Se o caminho até a prova se chama “ansiedade”, então não sei como chamar o caminho entre a prova e o resultado final. Noites em claro pensando, dias sem comer direito, o desconforto de não mais sentar na cadeira desconfortável... tudo isso e mais um pouco. Então o grande dia chega: o dia do resultado.

      Ao ligar o computador, lá está: “Aprovado!”