Um fim pra essa cena.

Eu vou desistir, mas com classe,

me arrumo no espelho, tipo disfarce,
perfume caro, olhar firme, pose rara,
ninguém entende o que essa mina encara.

Vou te ver só pra sentir o gosto,
fingir que é leve, esconder o desgosto,
puxar assunto, rir de coisa à toa,
sabendo que cê não fica, mas ainda soa boa.

Na hora da despedida, sem pressa,
te beijo como quem confessa,
olho no fundo, solto devagar:
“cê é diferente, tenta não mudar.”

Saio sorrindo, coração pesando,
“me avisa quando chegar”, disfarçando,
compro bebida, deixo o copo vermelho,
fingindo que o álcool vai curar o espelho.

Limpo a casa, deixo tudo certo,
antes do caos, tudo encoberto,
mando mensagem pros mano, “tá tudo bem”,
mas o peito grita o que ninguém tem.

Ninguém vai notar a bagunça interna,
a garota firme, mas alma moderna,
a que ri alto pra esconder o fim,
que desiste bonita, mas segue assim.