Débora

Você achava que ali era eu

Você achava que ali era eu,

Mas eu estava preso entre o corpo que carregava

E alma em disfunção que não tinha sequer cor.

Eu estava ali quando você não via.

Estava ali quando você via, mas, ali eu não estava, porque ali eu não era.

 

Um menino nasceu aos cinco anos e ninguém pariu ele.

Um menino nasceu aos cinco anos e aos 8 era consumido pelo próprio corpo.

Aos 10 cortou o próprio cabelo como sempre quisera fazer;

Aos 12 cortaram sua alma ao dizerem aos 14 que ele era uma mulher.

Mas aos 15, mesmo com seios, ele era um homem.

Aos 16 queria a liberdade de ser, mas aos 17 arrancaram as suas asas quando

Ele queria arrancar os próprios seios e encaixar algo entre suas pernas.

Aos 18 exigiram terapia para que aos 20 pudesse ser,

Sob os olhos de quem o julga mulher, um homem.

 

Você achava que ali era eu,

Mas cercado de julgamentos eu nunca pude ser. Exatamente ali eu nunca fui.

Porque ali não cabia a ruptura do ser que você criava.

Junto ao nascimento do meu eu que eu sempre fui.

  • Autor: Débora (Offline Offline)
  • Publicado: 31 de Agosto de 2020 01:03
  • Comentário do autor sobre o poema: @debcarvalho_ @versosquevoam
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10


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