Deus fala comigo — dizem que é delírio.
Mas e se o delírio for Dele,
espalhado em vozes,
em templos,
em bocas que tremem de fé?
Fecho os olhos, ouço coros.
Uns chamam de anjos,
outros de sinapses em curto.
No fundo,
não sei se rezo ou alucino.
A cruz na parede me observa,
pisca quando não olho.
Talvez seja só o reflexo,
ou talvez o reflexo seja Ele.
As pessoas cantam: “Creio!”
E eu penso — crer é ver ou querer ver?
Será que Deus é uma febre
que todos decidiram compartilhar?
Há dias em que sinto o divino na pele,
como eletricidade.
Outros, só o zumbido do nada
enchendo o crânio de silêncio.
Se Ele é real, por que se esconde
nas frestas do medo,
no brilho das lâmpadas,
nos segundos que me desmancham?
Talvez Deus seja o nome
que demos à solidão
quando ela ficou grande demais.
Ou talvez — só talvez —
a loucura e silencio seja a forma mais pura
de vê-Lo inteiro.
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Autor:
Roberto (
Offline) - Publicado: 6 de novembro de 2025 22:55
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2

Offline)
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