Poeira

Oréon

Em alguns de seus delírios, já lhe veio a ideia de que as pirâmides não foram para nós só mais um Empire State? Que as Muralhas da China já não foram apenas outro Muro de Berlim? Meus amigos, o sangue daqueles que construíram esses e tantos outros monumentos, civilizações e invenções corre em vocês. Já não pensou que, enquanto um construtor colocava mais uma pedra no Coliseu, ele também enterrava suas mágoas? Suas angústias e dores jaziam ali em meio ao concreto. Que os mesmos homens que fizeram os Templos Maias sofreram terrivelmente de amor? Amigos, o que mudou foi o jeito de fazer, não o feito. E, além disso, para a obra ser feita, deve haver quem a proteja. Vocês não sabem a quantidade de soldados romanos que, nos campos de batalha, suplicaram pela vida sob o fio reluzente que partia seu corpo e sua alma. Nós somos só mais uma de outras civilizações que será reencontrada e, com isso, pasmem, farão as mesmas perguntas. Quem eram? O que faziam? Quais são os seus deuses? E talvez, a mais triste e universal, por que sumiram? Nós somos apenas um de muitos montes de areia num deserto de monumentos, civilizações e invenções.

  • Autor: Oréon (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 4 de novembro de 2025 22:19
  • Comentário do autor sobre o poema: Dança gatinho
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 4
  • Usuários favoritos deste poema: Arthur Santos
Comentários +

Comentários1

  • Arthur Santos

    Faz lembrar O Operário em Construção de Vinícius.
    Ou Perguntas de um Operário Letrado de Bertolt Brecht
    Mtuipo bom.

    • Oréon

      Obrigado



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