O Menino no Precipício

Daniel F. Alves


Aviso de ausência de Daniel F. Alves
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Abs.

Eu vi um menino negro
Na beira do precipício.
Perdeu sua família,
Perdeu o seu caminho.

Era negro,
Por dentro e por fora.
Tinha o rosto ferido
Pelos que foram embora.

E ele orou:
- Ó Deus, protege meus amigos,
Pra que não aconteça com eles
O que aconteceu comigo.

Então Deus ordenou
Para os anjos levar
O menino da Terra...
Ao seu verdadeiro lar.

  • Autor: Zeus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 31 de outubro de 2025 21:24
  • Comentário do autor sobre o poema: A Profundidade da Dor e a Renúncia da Inocência\r\n\r\nAo criar \\\"O Menino no Precipício\\\" pensei em apresentar algo atemporal, o lamento de uma alma confrontada com o abandono da esperança. Uma tradução do passado, presente e futuro de um menino que personifica em uma ação trágica sua perda. \r\n\r\nO motivo da beira do abismo é o limite literal, uma metafórico de sua existência e fim de sua jornada. A enorme perda familiar e a falta de orientação sobre como continuar? Não há com voltar e também ele não enxerga nenhum caminho a frente.\r\n\r\n O \\\"negro por dentro e por fora\\\" fala mais que apenas a cor; é a cor da sua experiência, a sombra da dor que permeou cada momento de sua vida. Mas sim, infelizmente é usada como representatividade da classe pobre que é marcada pelo sofrimento. \r\n\r\nO rosto ferido do menino carrega as marcas de quem deveria protegê-lo, educá-lo e amá-lo. Cada cicatriz é um testemunho da quebra de confiança, do dever renegado por aqueles que eram seu porto seguro.\r\n\r\nE é aqui que o poema atinge sua verdade mais devastadora. \r\n\r\nEm meio a tanta necessidade, com a vida se esvaindo no precipício, o menino não se detém em seu próprio sofrimento. Entre inúmeros pedidos de ajuda que deveria fazer por si, ele pede de forma sincera, verdadeira e do fundo do seu coração, em um ato supremo de renúncia e bondade, ora apenas por aqueles que ama. \r\n\r\nEle implora a Deus que seus amigos não herdem a dor que o consumiu.\r\n\r\nEste gesto final revela a pureza inabalável de um coração, mas que, paradoxalmente, foi dotado de uma imensa bondade .\r\n\r\nA intervenção divina que se segue ... a ordem para os anjos levarem o menino, surge como o nosso último consolo, nosso placebo emocional. \r\nÉ a nossa esperança de que uma vida marcada por tanta agonia deve, de alguma forma, ser recompensada. \r\nÉ a crença consoladora de que, para quem demonstra tamanha luz na escuridão, o descanso eterno não pode ser o fim, isso seria muito injusto, mas seria aceitável um retorno ao seu verdadeiro lar, longe de toda a dor causada a ele aqui na Terra.\r\n\r\nO poema nos faz pensar não na morte de um simples menino, mas pela profundidade da bondade que fomos incapazes de valorizar e proteger.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 4


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