A chave ainda gira no silêncio denso, mas o som da porta já não é o mesmo. Falta o eco amigo, o calor imenso, o passo conhecido, o abraço sem recesso.
O ar se tornou mais fino, mais ausente, a luz da sala parece mais pálida e fria. Cada objeto guarda um espectro urgente, a memória teimosa que não se desvia.
No canto, a poltrona, intacta e muda, espera um corpo que jamais virá. A xícara esquecida, a rotina miúda, onde a sua voz ainda teima em morar.
A casa respira, mas com pulmão vazio, as paredes são telas de luto e saudade. O riso morreu, afogado num frio que não tem inverno, mas tem só a verdade.
O seu quarto, um santuário agora fechado, é o poço onde a falta mergulha sem fim. O perfume sumiu, mas ficou gravado na madeira, no tecido, e dentro de mim.
O vazio não é a ausência de móveis, é o peso de tudo o que era seu e sumiu. São as frases não ditas, os amores imóveis, É o lar quebrado, que de repente esfriou.
E a gente caminha por estes corredores, buscando o conforto de um eco qualquer, mas só encontra a dor e seus lamentos-flores, o espaço deixado por quem não pôde ser.
A casa não está vazia, ela está cheia de tudo o que a vida não pode mais trazer. Cheia de você, na saudade que incendeia e na falta que insiste em sobreviver.
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Autor:
Roberto (
Offline) - Publicado: 28 de outubro de 2025 19:38
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3

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