Há uma arma neste campo vazio,
Onde o balanço vago, sem criança, pende;
Não de aço, mas de um eco frio
Que o tempo não consome nem defende.
São os sussurros que as paredes tecem,
Nas salas de aula, sob o pó e o temor;
Uma história que a razão não esquece,
Pois é escrita no sangue do horror.
O intento e a arma de seu pai é a memória.
Fixado no vão da escada escura;
É a sombra que se alonga e aporta
No umbral da mais pura loucura.
Cada espelho, uma arma apontada,
Reflete o vislumbre do que se foi;
Uma face pálida, desesperada,
Que o véu do esquecimento não véu.
Os projéteis não são de chumbo ou metal,
São sílabas de um antigo feitiço;
Ecoam no corredor, num ritual
De um destino perverso e caprichoso.
A mais letal das armas não se empunha,
Não tem gatilho, não tem corte ou glória;
É a memória que apodrece e insufla
A mais profunda e intransponível história.
Pois as verdadeiras armas estão erguidas
Não nos arsenais, mas no espírito imundo;
São as feridas que, jamais cicatrizadas,
Guardam o horror do mundo.
By Santidarko
-
Autor:
Alex Santidarko (
Offline) - Publicado: 28 de outubro de 2025 16:50
- Categoria: Fábula
- Visualizações: 5

Offline)
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.