A Escola e o Silêncio das Almas

Brunna Keila

Ser adolescente, dói.

E dói porque ainda não se aprendeu a viver num mundo que exige respostas rápidas para perguntas que o coração ainda nem formulou.

A escola… ah, a escola!

Lugar onde tudo acontece: o primeiro amor, a primeira vergonha, o primeiro medo, o primeiro sonho.

Mas também o primeiro cansaço.

A escola deveria ser um jardim, onde flores crescem em tempos diferentes.

Mas muitas vezes se parece mais com um campo de provas — onde se mede a vida com régua, sem perceber que o que realmente importa não cabe em nota nenhuma.

Os professores ensinam matemática, gramática, fórmulas e regras.

Mas quase nunca ensinam o que fazer com a tristeza.

Não porque não queiram — é porque também esqueceram.

A escola os ensinou a ensinar, mas não os ensinou a escutar.

E os alunos?

Os alunos são como passarinhos em gaiolas douradas: têm asas, mas o medo de errar é maior do que a vontade de voar.

São cobrados a todo instante — para tirar notas boas, para ter um futuro brilhante, para ser alguém na vida.

Mas ninguém pergunta se eles estão bem agora.

Há uma pressa cruel dentro das escolas.

Uma urgência de produzir resultados, como se a alma tivesse prazo de validade.

E nesse corre-corre, perde-se o essencial: o encanto, o espanto, a curiosidade — aquilo que faz o aprender ser alegria, e não sofrimento.

A escola deveria ensinar o prazer de descobrir.

Mas o que muitos adolescentes sentem é medo.

Medo de decepcionar.

Medo de não ser suficiente.

Medo de existir fora do padrão.

É por isso que tantos se calam.

Falam pouco, riem menos, choram escondidos.

A ansiedade e a depressão passeiam pelos corredores, silenciosas como sombras que ninguém quer ver.

E os adultos, tão preocupados em ensinar o conteúdo, esquecem que antes de alunos, ali existem pessoas — pequenas almas em construção.

Falta empatia.

Falta o olhar que escuta e o ouvido que acolhe.

Falta a coragem de parar a lição por um minuto e perguntar: “O que está doendo em você?”

Rubem Alves dizia que ensinar é um ato de amor, e que o amor só floresce onde há escuta.

Talvez devêssemos reaprender a ensinar — não com o giz, mas com o coração.

Porque no fundo, o que cura a dor de ser adolescente não é o sucesso, nem o diploma, mas o simples gesto de alguém que vê o invisível e diz:

 

“Você pode ser o que quiser. Inclusive, você mesmo.”

  • Autor: Brunna Keila (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de outubro de 2025 16:26
  • Comentário do autor sobre o poema: A minha versão imparável do passado, a escola.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 3


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